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As próximas eleições serão um dos momentos centrais da nossa vida coletiva. Implicam a noção do momento histórico que vivemos e dos seus desafios, a responsabilidade de sair de casa e fazer escolhas, a ultrapassagem de pequenos incómodos ou desilusões com a política e a determinação num país estável. Menos soluços pontuais e mais soluções duradouras.

O legado de António Costa é claro, assenta numa governação que teve capacidade de resposta a uma dupla crise (a crise económica pós-troika e a atual crise pandémica), ambas geridas com competência, apesar dos problemas incomensuráveis. Importa, pois, relembrar alguns dos elementos marcantes desta governação, que nos impeçam de argumentar com a preguiça intelectual de parte da abstenção:

1. Arrojo na melhoria dos serviços públicos: os serviços públicos melhoraram e só por isso resistiram à pandemia. Sem mais reforço das escolas, dos hospitais, dos centros de saúde ou da segurança social, teria sido impossível resistir de forma tão evidente ao terramoto da pandemia. Não só foram invertidas as tendências de cortes do período da troika, como foram reforçados os mecanismos de proteção social e de serviços públicos. Mesmo para os mais céticos, imaginemos o que teria sido na situação anterior a António Costa.

2. Iniciativas marcantes em termos nacionais e internacionais nas questões ambientais, da energia e da descarbonização: a questão ambiental não é uma moda, é um elemento central do desenvolvimento sustentável e um fator de crescimento e de futuro, seja na competitividade do país ou na sua atratividade.

3. Centralidade das questões da habitação: um bom exemplo das preocupações sociais, até por antecipação, de António Costa. A habitação tornou-se um verdadeiro dilema para os mais pobres e para as classes médias. A centralidade da habitação no PRR mostra a nova geração de políticas sociais.

4. Experiência política nacional e internacional: António Costa mostrou a importância da experiência acumulada na governação e nas relações internacionais. Sei que só tem experiência quem tem essa oportunidade, mas, nestes desafios históricos, é António Costa que detém esse fator diferenciador, não havendo margem para experimentalismos.

5. Olhar para o país como um todo coeso: o centralismo histórico pode ter momentos de atenuação, mas apenas uma forte convicção na regionalização pode dar força às pessoas e às instituições locais e regionais.

Os portugueses não estão cansados da política, estão cansados da politiquice. E essa politiquice tem grassado com o contexto de constante incerteza, com o taticismo partidário ou com a gestão de curto prazo.

Os riscos que tantas vezes se encontram nas maiorias estão totalmente mitigados. Por um lado, todo o passado político de António Costa (nacional e municipal) foi sempre assente no diálogo com os demais parceiros. Por outro lado, temos o virtuosismo dos equilíbrios do nosso sistema político. E este presidente da República ou um outro futuro (quem sabe, o almirante Gouveia e Melo?…) não serão “rainhas de Inglaterra” no sistema, serão fatores de equilíbrio e de defesa dos portugueses.

*Presidente da CM Gaia / Área Metropolitana do Porto

Eduardo Rodrigues

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