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A cidade pós-covid será seguramente um local diferente. Já o seria pelos novos conceitos e pelas novas tendências. Mas será mais do que uma evolução, será uma transformação.

A questão da sustentabilidade é definitiva. A sustentabilidade dos recursos, de todos os recursos, incluindo os financeiros, enfim, a capacidade de fazer face às eventualidades. A pandemia testou, aliás, as nossas cidades. Se ela surgisse há alguns anos, não teríamos uma cidade estável, capaz de responder com arrojo e apoiar as pessoas e as organizações. Afinal, sendo os recursos coletivos, a sua gestão equilibrada é determinante para o futuro de todos.

A inovação, essa palavra hoje generalizada, assume um particular protagonismo. Inovar nos espaços públicos e na sua qualidade, assumir a conciliação do novo e do tradicional, inovar nas novas formas de atratividade, seja pela cultura, seja pelos espaços diferenciados, ou pela qualidade dos espaços de encontro.

As novas tecnologias e a IA serão determinantes. Uma cidade é uma estrutura complexa. A sua organização pode e deve estar ancorada nas novas possibilidades, sejam as tecnologias ecoeficientes, sejam as novas questões sociais: a recolha domiciliária dos biorresíduos, a valorização orgânica, a gestão da água, enfim, a questão ambiental.

Isso implica perceber a realidade e as novas tendências, para as podermos antecipar, participando à escala europeia na definição das transformações das cidades liderantes. A habitação e os transportes passaram para as competências municipais. Novas responsabilidades, é certo, mas agora podemos intervir em domínios que passam pelas nossas decisões.

A habitação não é apenas residência, é dignidade. Os transportes não são apenas mobilidade, são questão ambiental. Isso implicas novas responsabilidades orçamentais. Mas significa também a possibilidade de desenhar uma nova geração de políticas municipais, já testadas com o passe único metropolitano e com o programa municipal de renda acessível, por exemplo, como se faz com a educação e a ação social.

A transformação da cidade moderna é também um reforçado desígnio de participação e de cidadania. O respeito pelos espaços de todos, a participação ativa nas decisões da cidade, a disponibilidade para pensar os espaços coletivos para além das rotinas atuais, com reforço dos espaços de sociabilidade e progressiva redução do trânsito, em detrimento de novas estratégias de pedonalização e de reforço de transportes públicos.

Sempre se dirá que a covid deixará marcas determinantes. Mas importa acreditar no futuro, ter fé nas oportunidades que estes ensinamentos nos imporão, fazer deste desafio o momento de construção do futuro.

O PRR e as suas prioridades são, assim, ajustadas. Num claro equilíbrio entre as empresas e as novas questões sociais, impõe-se ter reflexão feita e trabalho pronto.

*Presidente da CM Gaia / Área Metropolitana do Porto

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Eduardo Rodrigues

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