Sempre assumi que, entre o asfalto e os cidadãos, escolhia os segundos. Hoje, não esquecendo que o asfalto pode servir os cidadãos, entendo que os novos desafios apontam para novas e determinantes necessidades psicossociais na vida das pessoas e na coesão social.
E, sem uma sociedade estabilizada, não há obras ou projetos que façam sentido. Podem ser importantes no longo prazo, mas a escala do tempo futuro não pode iludir as necessidades do tempo presente.
Os tempos atuais têm sido muito marcados pelo planeamento dos grandes investimentos, na discussão sobre os instrumentos financeiros: o significativo remanescente do quadro comunitário (overbooking), o novo quadro comunitário, onde assentou o Plano Nacional de Investimentos até 2030, a designada bazuca (Plano de Recuperação e Resiliência), para além do menos poderoso (no investimento público) Orçamento do Estado.
Independentemente da discussão sobre o nosso nível de preparação para este desafio em termos jurídicos, de transparência e de contratação pública, tem ocorrido uma intensa negociação para garantir o necessário quadro de investimentos de médio prazo, fundamental para a afirmação da cidade, da Área Metropolitana e da própria região.
É certo que muito deste intenso trabalho só será visível até ao final da nova década. Mas é também certo que o trabalho se faz nas negociações institucionais, para além dos calendários pessoais ou das agendas partidárias. Quem sabe se, um destes dias, alguém se dedica a quantificar os resultados dessas negociações e dos “invisíveis” ganhos estratégicos para a cidade e para a metrópole, demonstrando o incomparável volume de conquistas obtidas.
Estes investimentos ficam inscritos no planeamento das decisões, no metro, na ferrovia, no ambiente, etc., mas correm num ritmo específico, estrutural e duradouro.
No imediato, múltiplos desafios urgentes são evidentes e impõem-se respostas igualmente rápidas. É o caso do empobrecimento, do desemprego, da fragilização das condições das famílias na habitação, na perda de rendimentos de vastas franjas das classes médias ou das famílias mais fragilizadas, entre outros.
Por isso, importa uma bazuca para o apoio a grupos sociais vulneráveis, a ser acionada rapidamente e a tempo de chegar a quem necessita. Mas, também por isso, vários municípios, onde se inclui Vila Nova de Gaia, assumiram realocar verbas do seu orçamento à resposta aos múltiplos desafios sociais que temos pela frente. E mais importa fazer, como fortalecer a economia social ou a intervenção dos Centros Distritais de Segurança Social. É verdade que não teremos futuro se não o prepararmos no presente. Mas é igualmente verdade que os desígnios do futuro não nos podem distrair das imensas necessidades das pessoas que vivem dificuldades no presente.
Boas Festas no presente, para as termos no futuro!
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e da Área Metropolitana do Porto