A marcação das eleições autárquicas e a minha decisão de recandidatura ao município de Vila Nova de Gaia fazem-me suspender este espaço de opinião. Cinjo-me ao meu trabalho autárquico e à candidatura à minha cidade de Gaia para continuar a servir a cidade nestes tempos exigentes que temos pela frente.
Gaia é uma grande cidade. É a delicadeza artística das gentes da Afurada e da Aguda, que cozem as redes de pesca no final de cada faina, sabendo que isso é determinante para voltar a encher a traineira, mas é também a garra e a coragem dos pescadores no mar revolto. É essa melodia das lavadeiras no rio, combinada com a arte dos tanoeiros. É a serenidade com que repousa durante décadas o vinho nas caves, com respeito pelo legado da natureza, esperando pelo valor das coisas a partir dos tempos da natureza, sem ousar apropriar-se dos recursos de todos com a ganância dos indignos.
Nestes anos, empreendemos programas sociais relevantes para as famílias, como o programa de atividades extracurriculares Gaia Aprende Mais, o programa para as crianças especiais, o programa de apoio ao arrendamento, na emergência social ou no apoio aos cuidadores informais. Envolvemo-nos na negociação política e na comparticipação financeira da obra do Hospital de Gaia, libertando o polo 2 para uma unidade de cuidados continuados. Conseguimos a expansão da linha amarela do Metro e a 2.ª linha de Gaia, ligando Santo Ovídio às Devesas e ao Campo Alegre. Lançamos com o Porto a ponte D. António Francisco dos Santos.
Apostamos nos transportes e na habitação como novos domínios de atuação municipal. Criamos o passe único metropolitano, o passe Andante gratuito para estudantes universitários e para jovens dos 13 aos 18 anos. Promovemos a aquisição da estufa de ferro fundido da Lavandeira, o parque ambiental de São Paio, o novo Centro Animal e a reabilitação das encostas do Douro. Isto e muito mais, definindo uma estratégia de desenvolvimento inteligente e sustentável.
Fizemo-lo simultaneamente à redução dos impostos, taxas e tarifas, extinguindo a taxa de rampas ou taxa de proteção civil, ao mesmo tempo que temos vindo a reduzir o IMI às classes médias.
É assim que nos construímos como país, como cidade. Não nos construímos com artistas autocentrados, convencidos de que o mundo começa e acaba em si, alimentando-se de si próprios e do seu ego. Portugal não é a pujança plástica dos egocêntricos, Portugal é o nobre povo que luta com fé, dedicação, rigor e humildade.
Sejamos fortes e unidos, conscientes das nossas forças e das nossas potencialidades, em rede com as nossas gentes e instituições, crescendo todos os dias, de forma perene e sustentável, ou perene porque sustentável.
Presidente da C. M. Gaia e da Área Metropolitana do Porto