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1. As pandemias são testes importantes aos sistemas políticos. Mas são também grandes oportunidades para rever caminhos de desenvolvimento.

Podem ser, por isso, grandes oportunidades de reforma do próprio sentido da ação coletiva. Compete-nos desenhar os caminhos da recuperação desenvolvimentista, assente em eixos claros e em opções humanistas.

2. A democracia está a ser testada. Já dava sinais de exaustão a vários níveis, nas desigualdades sociais, nas relações das instituições com os cidadãos, nas debilidades da justiça ou nos equívocos das políticas públicas. A crise pode abrir um caminho de resolução destas brechas, mas pode também levar-nos ao cadafalso. A natureza está cansada, os ecossistemas estão em mudança acelerada, as pessoas lutam diariamente pela adaptação ao caos sistémico.

3. As regiões, os municípios e as estruturas da economia social são elementos decisivos deste novo tempo. Mais pelas pessoas, menos megalomanias, mais rigor, mais sustentabilidade. Menos artificialismo e mais respeito pela natureza.

4. As instituições do nosso tempo continuam atuais: o Estado de direito de base constitucional, a separação de poderes, o respeito pela dignidade das pessoas, os inalienáveis direitos de cidadania, a valorização do rigor na gestão. Precisam de reformar os seus modos de ação e de relação umas com as outras e com as pessoas. Se as instituições optarem pelo desnorte, pela desorganização, pelo combate umas às outras e pelo alheamento face aos problemas atuais, poderão até viver bem no casulo por mais algum tempo, mas não terão futuro.

5. A História mostra-nos como, no passado, estas tendências degeneraram o sistema social em totalitarismos, ódios e destruição. E a Imprensa mostra-nos como outros países, caídos na insuportabilidade das suas contradições, experimentaram fenómenos radicais que hoje custam muito aos seus povos. Os casos do Brasil e dos EUA deviam merecer mais atenção sobre o que nos pode acontecer, sem dó nem piedade.

6. Exemplo destas contradições é Rui Rio e a sua tática açoriana. Até pelas mentiras dos líderes da Direita, rapidamente demonstradas pelos papéis assinados. Assinaram, mas negaram com a mesma expressão facial. É isto que nos mata. As vítimas serão, em breve, os fundamentos da social-democracia e do partido de “centro” com que se apresentava o PSD. A vítima imediata é Marcelo. De repente, vê o “seu” partido, que diz apoiá-lo, a normalizar a extrema-direita que Marcelo vai combater. Fragiliza Marcelo, fragiliza a democracia.

7. Sabe-se que algum PSD se incomoda com o sentido de Estado de Marcelo e a sua relação institucional com Costa. Parece, assim, um ajuste de contas palaciano de Rui Rio; talvez seja… mas a que preço!

*Presidente da CM Gaia / Área Metropolitana do Porto

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Eduardo Rodrigues

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