Recentemente foi editado, em Portugal, o livro «Utopia para realistas», da autoria do historiador holandês, Rutger Bergman. Trata-se de uma obra que expõe uma utopia que passa pela concretização de medidas como o rendimento básico incondicional, a livre circulação das pessoas a nível global e a semana de trabalho de 15 horas.
Todavia, estas medidas não são assim tão utópicas se pensarmos que, ainda há relativamente pouco tempo, os deputados europeus discutiram um rendimento básico universal para compensar a perda de trabalhos fruto do crescimento da automação e da inteligência artificial.
Se hoje vigora um pensamento político anti-imigrante, o que pensar de um sistema que liberalizasse a circulação das pessoas pelo planeta inteiro? Na minha ótica esta é uma questão difícil, mas podemos dizer que será previsível nos próximos trinta anos.
Antes da Revolução Industrial 4.0. – à qual estamos a assistir atualmente – já se falava de substituição do trabalho manual por máquinas e, desta forma, o tempo para o lazer e para o entretenimento cresceria de forma bastante significativa. Podemos, por isso, pensar numa semana de trabalho de 15 horas?
Hoje, o Mundo enfrenta grandes desafios que nos incitam a imaginação. As utopias são concebíveis e devem ajudar-nos a imaginar diversos cenários para a vida das nossas sociedades. Como políticos, temos de refletir sobre todas estas questões e equacionar os seus efeitos. Gostaria de ter uma antevisão do que será o Mundo dentro de três décadas mas ainda não sou capaz de fazer essa reflexão. Contudo, considero que as utopias nos fazem pensar e refletir e que é preciso discutir mais o futuro das nossas sociedades.
Eduardo Vítor Rodrigues
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia