É a um ritmo acelerado que o Mundo que conhecemos se está a transformar numa versão mais desmaterializada, mais binária, mais digital. Por isso, não é de estranhar que muitos dos objetos que nos rodeiam e aos quais damos uso diário tendem a desaparecer dentro de poucos anos. Leio um artigo que tem por título “Trinta coisas que vão desaparecer até 2020” e fico fascinado e assustado com a perda das coisas que, hoje, temos por adquiridas. Em 2020, antecipa-se um cenário em que a constelação de objetos, como as câmaras digitais e as pen drive’s, esteja completamente obsoleta. Utilizaremos, nessa altura, as câmaras dos nossos telemóveis e enviaremos os nossos ficheiros e documentos para a cloud digital. Das trinta coisas que o artigo lista, algumas parecem estar já em declínio. Já não é difícil imaginarmos um mundo em que os documentos em papel deixam de existir com a utilização de documentos e assinaturas digitais, anunciando-se um mundo onde os jornais e livros desaparecem. Nesta matéria, tenho as minhas dúvidas uma vez que já não é a primeira vez que se dita a morte do livro e do papel, o que até hoje não aconteceu. A revolução Gutenberg ainda não tem substituto definitivo mas diria que estamos, fatalmente, mais próximos de uma mundividência em que o livro e o papel tendem a tornar-se objetos algo exóticos. O artigo dá conta, também, do desaparecimento das contas no correio, substituídas pelos pagamentos online. A nossa caixa do correio arrisca-se a ficar ainda mais solitária, depois de ter perdido para o e-mail e para as redes sociais quase toda a nossa correspondência pessoal. Temos que nos preparar para ser e estar de modo cada vez mais digital porque o mundo dá-nos alternativas ao que conhecemos e as nossas vidas adquirem uma dimensão cada vez mais imaterial.
Um bom Natal!
Eduardo Vítor Rodrigues
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia